17/05/2023 às 13h37min - Atualizada em 18/05/2023 às 14h42min

Encontro da Comunidade Futurecom Agro aponta os desafios da conectividade no agronegócio

SALA DA NOTÍCIA Daniela Nabhan
Segundo os membros que participaram do evento, a conectividade é fundamental para o setor extrair e tratar os dados, além de abrir caminho para novos modelos de negócios

São Paulo, maio de 2023 – Os avanços da conectividade no campo é um dos maiores desafios para o pequeno, médio e grande produtor agrícola. Seja em uma pequena horta ou em hectares de uma fazenda de soja, por exemplo, as dificuldades com o acesso de conexão têm sido enfrentadas por todos eles. Mas como promover esses avanços em um país de dimensões geográficas tão latentes? Como encurtar a distância para que as tecnologias que já estão aí cheguem em todas as regiões? Como gerar e mostrar o valor real da conectividade para atender às necessidades operacionais e estratégicas para quem precisa dela? Esses e outros temas relacionados ao setor do agronegócio, que movimenta a economia nacional e internacional, têm sido uma das prioridades do Futurecom, maior evento de tecnologia, telecomunicações e transformação digital da América Latina.

Em encontro online realizado ontem, dia 16 de maio, e moderado por Lia Penteado, coordenadora da Comunidade Futurecom Agro, o Futurecom abriu o debate desses assuntos com alguns membros da comunidade que estiveram presentes na Agrishow, realizada no início deste mês em Ribeirão Preto (SP). Mauro Periquito, Associate Partner na Kyndril; Juliana Chini, gerente sênior de Marketing da Arable para a América Latina; Caique Paes de Barros, coordenador geral na Associação Rede ConectarAGRO; e Leonardo Cruz, fundador da startup Matchfood, comentaram suas percepções e destacaram o que viram de tendências e novidades na maior feira internacional do setor agrícola.
Periquito, da Kyndril, e um dos maiores entusiastas do segmento agro, traz na veia sua paixão herdada pelo avô. Ao apontar o agronegócio como o motor do Brasil, o executivo reforça que o uso da tecnologia no setor pode extrair e tratar os dados com a segurança que precisa, além de abrir caminho para novos modelos de negócios. “Devemos levar tecnologia para o campo de forma precisa e ética. Digo precisa, pois ela tem que ser aplicada em cada caso, considerando fatores como energia, cobertura e taxas de transmissão necessárias para casa uso. A questão ética esbarra no fato de que não devemos enaltecer apenas uma

tecnologia. Não podemos matar outras ferramentas já existentes”, explica Mauro Periquito. “É preciso mostrar ao produtor agrícola o valor da conectividade no campo em toda a sua cadeia de atuação”, acrescenta ele.
A representante da Arable, Juliana Chini, também concorda que o tema conectividade é um gargalo a ser transposto por todos que atuam neste setor tão forte, que tem a inovação e a tecnologia a seu favor. A Arable, por exemplo, levou para a Agrishow o Arable Mark 3, nova geração do dispositivo de sensoreamento e comunicação direto da lavoura, que potencializa a solução de inteligência agrícola, combinando os dados climáticos, da planta, solo e irrigação – coletados pelo Arable Mark, um dispositivo IoT portátil instalado dentro da lavoura – com uma modelagem avançada e aprendizado de máquina para fornecer informações práticas em tempo real. Além disso, o dispositivo elimina a complexidade de coletar e sintetizar dados de várias fontes e fornece aos usuários acesso fácil as informações críticas para a tomada de decisões, como estresse hídrico, risco de pragas e doenças, bem como condições ambientais no campo.
“Nossos executivos que vieram dos Estados Unidos ficaram impactados positivamente com o que viram em uma feira do tamanho que é a Agrishow”, diz Juliana. A executiva também destacou o projeto Pulse Hub, que conecta startups e especialistas com os desafios de negócio da Raízen para desenvolvimento, em parceria com a Arable, de uma prática mais sustentável para produtores de cana de açúcar.
O Meetup Futurecom Agro deu ênfase às reais dificuldades daqueles que estão no dia a dia do campo e buscam alternativas de melhorias contínuas para o seu negócio, tendo como ponto de partida a necessidade concreta do cliente que atua no setor agrícola. Foi com esse objetivo que o Futurecom marcou presença na Agrishow, pontuando a importância do uso adequado da tecnologia a favor do agronegócio.
E foi para levar uma comunicação mais abrangente que a ConectaAgro se uniu ao Futurecom durante a Agrishow. Fundada em 2019, a associação busca viabilizar a internet 4G em todas as áreas rurais do Brasil, fomentando assim a Agricultura 4.0. Segundo Caique Barros, “nosso papel é de incentivar, inspirar e fomentar informações, reforçando a necessidade da implementação da conectividade nas propriedades do campo, mostrando o valor que esta conexão traz para a sociedade. “Realizamos uma série de atividades, destacando os benefícios da conectividade e anunciamos a chegada de novos associados

como a AWS e operadora Vivo, que nos auxiliam a promover a expansão do acesso à internet nas mais diversas regiões agrícolas e remotas de todo o Brasil”, afirmou o coordenador da ConectaAgro.
Um dos pontos altos do Futurecom na Agrishow foi a parceria com a startup Matchfood, uma agtech de Ribeirão Preto (SP).  Trata-se de um aplicativo que foi criado para reduzir desperdícios, otimizar o comércio de alimentos e contribuir no fornecimento de alimentação. Durante a feira, a Matchfood teve uma participação fundamental no aproveitamento de alimentos, produzindo mais de 700 marmitas a partir de meia tonelada de alimentos não desperdiçados. Uma ação sustentável e que beneficiou famílias de baixa renda. “É a tecnologia usada para evitar desperdícios. Ficamos muito satisfeitos com a oportunidade de fazer essa parceria com a Informa Markets e com o grupo Eldorado, administrador dos restaurantes do evento”, comemora Leonardo Cruz, fundador da Matchfood, plataforma que surgiu com o propósito de utilizar a tecnologia em benefício de todo o setor de alimentos, não apenas para aproximar compradores e vendedores, mas sobretudo para auxiliar no combate à fome e ao desperdício e na alimentação de pessoas carentes.
Como afirmou Mauro Periquito, é preciso caminhar no sentindo da evolução da conectividade. “A cobertura de rede não chega nas propriedades rurais mais longínquas. Hoje, já há 22 mil quilômetros de estradas com acesso à tecnologia 5G. E virão ainda mais 31 mil quilômetros, mas isso ainda é fração”, pondera Periquito. “É preciso pavimentar o caminho com redes privativas, que têm tecnologias sólidas e regulamentadas”, defende o executivo.
Embora haja muitos investimentos do Brasil na adoção de tecnologias no setor do agronegócio, se não houver conectividade o avanço tecnológico não acontece. “É um trabalho diário de melhorar a cultura de entendimento dessa necessidade para ampliar o benefício e bons resultados no setor. “O ecossistema agro requer gestão agrícola, tecnologia de telecomunicações e gestão de rede para tornar tudo cada vez mais integrado”, explicou Periquito.
O Associate Partner na Kyndril também ressaltou um ponto crucial: é preciso ter banda suficiente para a conectividade, além de comentar sobre o uso de frequências 700, 850 e 900MHz para atender o agro em grandes distâncias, incluindo internet satelital LEO e o 5G. O executivo destacou também a utilização da Inteligência Artificial.

O debate entre os membros participantes da Comunidade Futurecom Agro foi um termômetro do que estará em discussão também no Futurecom 2023, que será realizado de 3 a 5 de outubro no São Paulo Expo, em São Paulo.
 
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