Um deslize de programação do Google permitiu que se descobrisse detalhes sobre o “direito ao esquecimento” que a empresa é obrigada a garantir na Europa. O The Guardian analisou o código fonte da página de transparência da companhia e descobriu que mais de 95% das requisições recebidas até agora têm relação com usuários comuns de internet.
De maio de 2014 até agora, o Google recebeu mais de 280 mil requisições, sendo que a análise do Guardian cobre pouco menos de 220 mil pedidos.
O levantamento revela que, em 95,6% dos casos envolvem internautas anônimos que não querem mais ver seus nomes no Google. Exemplos citados pelo jornal incluem uma mulher que recebeu algum destaque após a morte de seu marido, outra que pede a exclusão de seu endereço, e uma pessoa que contraiu HIV dez anos atrás - nada que desperte interesse público
Essa constatação contraria o cenário pintado por uma parcela da sociedade (incluindo o próprio Google) que argumentava que o direito ao esquecimento seria transformado numa arma para políticos e personalidades esconderem informações de interesse público.
Mesmo assim, pouco menos da metade das requisições foi atendida pela companhia: 101,4 mil (46%). Desses, 99,5 mil envolvem “informação pessoal ou privada”. Apenas 1,9 mil (menos de 1%) pedidos atendidos têm a ver com crimes sérios, figuras públicas e proteção à criança.